O governo brasileiro, desde o início da pandemia, mostra seu despreparo para lidar com uma crise sanitária. Imagens veiculadas ontem (30) na grande imprensa revelam o presidente, já e ainda contaminado pela Covid-19, em meio a aglomerações no Piauí e na Bahia, sem usar máscara, sendo carregado por apoiadores, ignorando a ciência e o bom senso.
Enquanto o presidente desfila com a sua imbecilidade e deselegância, reportagem do site UOL denuncia que o seu Ministério da Justiça elaborou relatório sigiloso com mais de 500 nomes, que incluem servidores públicos da área da segurança (policiais) e professores universitários. Segundo o texto, os “monitorados” fazem parte de movimentos antifascistas opositores de Bolsonaro.
Desde quando é atribuição de um órgão do Estado perseguir opositores do governo? A reportagem põe a descoberto que o dossiê possui nomes, fotografias e endereços virtuais de pessoas ligadas à defesa da democracia, tendo sido elaborado pela Secretaria de Operações Integradas (Seopi) do Ministério da Justiça. O tal dossiê, segundo a Secretaria, foi repassado a órgãos políticos e de segurança do país, o que possibilitaria perseguições a servidores públicos insatisfeitos com o governo.
O Ministério Público Federal (MPF) no Rio Grande do Sul, no início desta semana, cobrou explicações do governo que, por sua vez, em nota, afirmou que o dossiê não tem caráter investigativo e concentra-se na “prevenção da prática de ilícitos e à preservação da segurança das pessoas e do patrimônio público”. Que prevenção e preservação da segurança é esta, que preocupa-se apenas com servidores que se opõe ao governo?
O movimento “Policiais Antifascismo”, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e inúmeros líderes partidários já apontaram para o caráter antidemocrático e persecutório da ação, orquestrada por um governo que já deixou nítida a sua incapacidade de lidar com opiniões dissonantes e críticas.
O governo Bolsonaro, é certo, é um governo que desconhece os princípios democráticos, mesmo que tenha se estabelecido em um regime democrático. É como o trabalhador que se enxerga capitalista, o/a negro/a que se considera branco, o ignorante que se entende conhecedor: uma inversão de valores, um paradoxo em termos, que subtrai do povo, por meio de tenebrosas transações, os seus direitos e as suas liberdades.
Até quando dormirá “a nossa pátria mãe, tão distraída”?
Isley Borges – Jornalista da ADUFU
*Esta seção é dedicada à exposição da opinião pessoal e das análises profissionais dos jornalistas da ADUFU-SS