A ADUFU – Seção Sindical, gestão Florescer nas Lutas, acompanhou com grande preocupação a Coletiva de Imprensa organizada pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), na manhã de 28 de março, na qual o Reitor, o Pró-Reitor de Planejamento e Administração e a Prefeita Universitária apresentaram dados alarmantes sobre a situação financeira da instituição (leia a matéria oficial sobre o tema: https://comunica.ufu.br/noticias/2025/03/o-cenario-e-dramatico-afirma-carvalho). Os números expostos refletem uma realidade de extrema gravidade, que compromete o funcionamento pleno da universidade e coloca em risco a qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão. A precarização progressiva da UFU não é um acontecimento isolado, mas sim reflexo de uma política orçamentária que foi agravada desde o golpe de 2016 e o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
A situação financeira da UFU, conforme apresentada na Coletiva, é reflexo de um processo maior de destruição do sistema público de educação superior, sendo a aprovação da PEC do Teto de Gastos (PEC 241) o instrumento forjado pelas elites para realizar esse projeto. Esta medida, que congelou os investimentos em áreas essenciais como saúde, educação e segurança, é a materialização de um projeto de país que coloca em risco os direitos sociais e a soberania nacional. A PEC 241, que se tornou a Emenda Constitucional 95, não apenas limitou o orçamento das universidades, mas também simbolizou um ataque direto à educação pública, uma área fundamental para o desenvolvimento do Brasil e para a formação crítica da sua população.
É importante recordar que a aprovação dessa PEC não passou sem resistência. Em 2016, a comunidade universitária foi protagonista de uma greve histórica, que se insurgiu contra o corte de recursos, mas também contra o projeto neoliberal que, à época, tomava forma no governo Temer. A greve de 2016 foi uma das maiores mobilizações em defesa da educação pública nos últimos anos e teve como um dos principais eixos de luta a reprovação da PEC 241 e a defesa de um projeto de educação para o país que fosse democrático, inclusivo e que valorizasse as universidades públicas. Contudo, ao longo dos últimos anos, temos assistido a uma continuidade dessa política de arrocho fiscal e de restrição de recursos para a educação, incluindo o atual governo federal, que, apesar de eleito com a promessa de mudança, tem mantido uma postura que prioriza o ajuste fiscal em detrimento do fortalecimento da educação pública.
A ADUFU considera inaceitável a manutenção de uma política fiscal que continue a sufocar as universidades públicas, comprometendo sua capacidade de oferecer ensino de qualidade e de manter sua infraestrutura. O governo federal, que foi eleito com a defesa de um projeto de investimento na educação pública, precisa urgentemente retomar esse compromisso e garantir a recomposição orçamentária das universidades federais. O cenário atual da UFU, que inclui a ameaça de cortes ainda mais profundos, é consequência direta dessa lógica de austeridade que ainda impera nas decisões políticas do governo, colocando em risco a permanência de milhares de estudantes e afetando diretamente as condições de trabalho de professores/as, técnicos/as e terceirizados/as.
Também reconhecemos que a situação da UFU é crítica, mas essa gravidade não nos surpreende. A ADUFU e o ANDES-SN têm alertado há anos para os riscos das políticas austericidas, que têm reduzido progressivamente os investimentos na educação. No entanto, somos enfáticos ao afirmar que, diante desse quadro, não podemos permitir que as decisões que afetem a vida acadêmica sejam tomadas sem a participação ativa e efetiva da comunidade universitária. É imprescindível que as soluções para a crise financeira da universidade sejam discutidas de forma democrática, com o envolvimento dos diferentes segmentos da comunidade acadêmica, a fim de evitar que os/as mais vulneráveis sejam ainda mais prejudicados/as. Nesse sentido nos colocamos totalmente contrários às demissões dos/as trabalhadores terceirizados/as. Lutamos para repor as vagas de técnicos e técnicas administrativos por concurso público, mas diante da realidade da presença de terceirizados/as na UFU, não podem ser eles e elas os primeiros a pagarem a conta de uma crise produzida no andar de cima. Esses/as trabalhadores/as desempenham um importante papel nas unidades onde estão lotados e as suas demissões precarizarão ainda mais as condições de trabalho na nossa universidade.
A ADUFU seguirá na luta pela recomposição dos orçamentos das universidades públicas e exigindo do governo Lula e do Congresso recursos suficientes para a educação pública. A luta pela recomposição orçamentária das universidades federais será o foco central dessa agenda, tendo em vista que, sem um aumento significativo de recursos, as condições de ensino, pesquisa e extensão estarão cada vez mais comprometidas. Não podemos deixar que as universidades, que desempenham um papel fundamental na formação crítica e na produção de conhecimento para o país, sejam ainda mais sucateadas. Nesse sentido, destacamos que a greve de 2024 foi um marco importante na luta em defesa da educação superior pública, e, caso não tivesse ocorrido, a situação financeira das universidades seria ainda mais dramática.
Por fim, reafirmamos o nosso compromisso com a defesa intransigente da educação pública, gratuita e de qualidade. Nossa luta continua sendo pela recomposição orçamentária das universidades e pela manutenção dos direitos dos/as trabalhadores/as terceirizados/as, que são fundamentais para o funcionamento das nossas instituições. Não podemos permitir que mais demissões e cortes atinjam aqueles/as que já são vulneráveis, em uma tentativa de resolver a crise com mais austeridade. A luta por uma educação pública forte e suficientemente financiada é a luta pela dignidade da sociedade brasileira.
Não às demissões dos/as terceirizados/as! Pela recomposição dos orçamentos das universidades já!