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Docentes da UFU definem eleições na ADUFU, aprovam execução de ação judicial e debatem conjuntura política em assembleia marcada por reflexões e propostas de luta

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Encontro também contou com aprovação de execução de ações judiciais e de luta contra a militarização das escolas públicas em Minas Gerais

A Assembleia Geral da ADUFU – Seção Sindical realizada no dia 07 de julho de 2025, às 17h, na sede do sindicato, reuniu professoras e professores para uma pauta extensa e densa, marcada por deliberações jurídicas, encaminhamentos políticos e análise crítica da conjuntura nacional e internacional. O encontro revelou o esforço da entidade em articular lutas concretas, defesa da memória histórica, solidariedade entre os povos e resistência frente à dispersão provocada pelo neoliberalismo.

A assembleia teve início com a apresentação de informes que evidenciam a amplitude das ações atualmente encampadas pela ADUFU. Foi informado que a sede da entidade é um dos pontos de votação do plebiscito popular organizado pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que defende o fim da jornada 6×1, a isenção do imposto de renda para quem ganha até 5 mil reais mensais e a taxação das grandes fortunas. A proposta busca abrir espaço para o debate nacional sobre justiça fiscal e dignidade no trabalho. No campo cultural, foi anunciada a realização da peça teatral “Vozes da Floresta – Chico Mendes Vive”, com a atriz Lucélia Santos no papel principal. A apresentação será no dia 18 de julho, às 20h, no Teatro Municipal de Uberlândia, e reafirma o compromisso do sindicato com a valorização de figuras históricas da luta socioambiental e dos direitos dos povos da floresta. Filiados e filiadas à ADUFU poderão retirar cortesias na sede da entidade, enquanto ingressos estão à venda na plataforma Sympla.

Ainda, foi anunciada a realização, em agosto, de atividades em alusão aos 100 anos da Coluna Prestes, um dos marcos da resistência popular na história do Brasil. No mesmo mês , Uberlândia receberá a visita da médica cubana Aleida Guevara, filha do líder revolucionário Ernesto Che Guevara, trazida pela ADUFU para uma agenda de encontros e debates que, segundo a direção da entidade, busca fortalecer os laços entre a luta da educação pública e os processos históricos de emancipação social na América Latina.

Outro destaque dos informes foi a publicização do projeto ADUFU Sustentável, uma iniciativa que visa implantar práticas ambientais na rotina da entidade, com destaque para a separação de resíduos, bem como a coleta de óleo de cozinha e esponjas usadas. Importante ressaltar que a sede da ADUFU é ponto de coleta.  A proposta, segundo a diretoria, faz parte de uma compreensão ampliada da atuação sindical, que inclui o compromisso com a preservação ambiental e o incentivo a práticas sustentáveis no cotidiano da categoria.

No campo jurídico, a assembleia deliberou sobre o modo de execução de uma ação judicial vitoriosa da ADUFU, que assegura o recebimento de um percentual de  de 3,17% de reajuste que não foi aplicado entre os anos de 2002 e 2006. A medida alcança docentes ativos/as, aposentados/as e pensionistas que estavam em exercício na UFU naquele período, sendo 1200 docentes, aproximadamente. A forma de execução da ação em favor da categoria foi aprovada por ampla maioria entre os/as presentes, que também aprovaram o encaminhamento presencial de toda a documentação, como forma de resguardar os beneficiários de possíveis fraudes ou golpes. A ADUFU, junto ao escritório de advocacia que atua na seção sindical, será responsável por entrar em contato com os/as contemplados/as para agendamento de assessoria jurídica individualizada a fim de promover o andamento da ação. A condução ágil, segura e transparente desse processo foi ressaltada como prioridade absoluta. Vale ressaltar que toda informação sobre esse ganho judicial deve ser buscada na sede da entidade, evitando os golpes, tão comuns nos tempos atuais. 

O momento mais reflexivo da assembleia ocorreu durante a análise de conjuntura, conduzida pela presidenta da ADUFU, professora Jorgetânia Ferreira. Em sua fala, ela destacou o cenário de crise institucional e política vivenciado no país, apontando para o avanço da extrema-direita, a fragilidade do governo em cumprir o projeto eleito nas urnas e a corrosão da esfera pública promovida pelo neoliberalismo. “Vivemos uma conjuntura difícil, com muitas pautas importantes, mas sob o signo da dispersão. O capitalismo tem provocado um declínio da participação pública, e isso afeta diretamente nossa capacidade de mobilização. É muito importante resgatar a memória histórica da nossa profissão: o que significava ser professor no passado, o que significa ser professor hoje, e quais lutas precisamos travar. Como vamos conseguir reunir a categoria em torno das nossas pautas?”, questionou.

O professor aposentado Paulo Gomes, do Instituto de História, contribuiu com uma análise crítica sobre a perda do sentido coletivo: “Não há alternativa por causa do individualismo. As pessoas perderam a noção da importância do coletivo. O sistema capitalista torna a luta coletiva inviável e a humanidade retrocede. O desafio dos sindicatos é cuidar dos interesses de sua categoria, mas sem perder a perspectiva de transformação social”. Em seguida, o diretor da ADUFU, professor Paulo Peres, complementou com uma provocação filosófica: “É mais fácil imaginar o fim do mundo ou o fim das guerras? Estou tentando compreender essa questão pensando numa reorganização da classe trabalhadora a partir do anarquismo e dos movimentos ambientais”. As falas indicaram a preocupação da categoria com os impasses atuais do sindicalismo, frente a um tempo de dificuldades de mobilização.

A assembleia também deliberou sobre as eleições para a nova Diretoria Executiva e Direção Colegiada da ADUFU. Após análise das condições regimentais e contextuais, ficou definida a data de 18 de setembro de 2025 para o pleito. Também foram indicados os nomes que irão compor a Comissão Eleitoral, responsável por garantir a lisura e legalidade do processo: Aurelino José Ferreira Filho (ICH/Pontal), Luiz Caetano de Salles (Fadir/UFU), Moacir de Freitas Junior (Incis/UFU), Maria Alice Vieira (Iciag/UFU) e Jimi Naoki Nakajima (Icbim/UFU).

A presidenta Jorgetânia Ferreira ainda propôs uma ação de solidariedade ao povo cubano, que será levada ao Conad do ANDES-SN, entre os dias 11 e 13 de julho, em Manaus. A proposta busca mobilizar entidades sindicais a contribuírem financeiramente com a população de Cuba, que enfrenta graves dificuldades econômicas em função do bloqueio promovido pelos Estados Unidos. A ação foi recebida com apoio pelos/as presentes, que reconheceram a importância do internacionalismo e da solidariedade como dimensões fundamentais da atuação sindical.

Por fim, foi comunicada a realização, no dia 08 de julho, às 19h, no auditório do bloco 3Q do campus Santa Mônica da UFU, de um debate público sobre a militarização das escolas públicas estaduais de Minas Gerais. Com a presença da professora Catarina Almeida, da Universidade de Brasília (UnB), o encontro pretende reunir subsídios para que a ADUFU possa estruturar ações de enfrentamento ao projeto de militarização, que vem sendo implementado pelo governo estadual e que, segundo avaliação da entidade, fere os princípios democráticos e a autonomia pedagógica. Além disso, a seção sindical deliberou por apoio às lutas contra a militarização que serão encampadas pelo SindiUte (sindicato que representa docentes do ensino básico estadual), levando moções de repúdio ao governo estadual de Romeu Zema ao Conad do ANDES-SN e ao Conselho Universitário (Consun) da UFU.

A assembleia da ADUFU realizada em 07 de julho demonstrou que, mesmo diante de uma conjuntura adversa, marcada pela fragmentação das lutas sociais e pela ofensiva conservadora, a mobilização docente segue viva. A construção coletiva, a defesa da memória e o investimento em ações culturais, ambientais e internacionais foram reafirmados como pilares da ação sindical. O desafio que se impõe é reunir a categoria em torno dessas causas, compreendendo que, diante de um mundo em crise, a luta coletiva ainda é uma das poucas saídas possíveis.