A ADUFU – Seção Sindical manifesta, com veemência, seu mais profundo repúdio às declarações proferidas pela vereadora de Uberlândia Janaína Guimarães (PL), no dia 7 de abril de 2025, na tribuna da Câmara Municipal de Uberlândia. Durante sua fala, a parlamentar dirigiu ataques ofensivos e carregados de preconceito à congada de Uberlândia, uma manifestação cultural e religiosa centenária que representa a resistência do povo negro e a riqueza do patrimônio cultural imaterial da cidade.
A fala da vereadora, ao questionar de forma desrespeitosa o repasse de recursos públicos federais para a realização da festa da congada, não apenas ignora o valor histórico e cultural da manifestação, mas adota uma postura nitidamente discriminatória, ao empregar termos chulos e depreciativos para se referir a uma celebração profundamente enraizada nas tradições afro-brasileiras. Tal comportamento é inaceitável, especialmente vindo de uma representante eleita para zelar pela pluralidade e pelo respeito aos direitos de todos/as os/as cidadãos/ãs.
O ataque verbal da parlamentar configura-se como uma expressão de racismo religioso, prática que se manifesta, neste caso, quando culturas e religiosidades de matriz africana são deslegitimadas, inferiorizadas ou tratadas como indignas de respeito e apoio institucional. A congada é, antes de tudo, uma celebração da ancestralidade negra, da fé e da resistência de um povo que sobreviveu à escravidão e continua sendo alvo de discriminações sistemáticas.
É inadmissível que, ainda hoje, com todo o acúmulo histórico e jurídico que reconhece e protege as manifestações culturais e religiosas afro-brasileiras, uma autoridade pública reproduza esse tipo de discurso. O que presenciamos foi uma tentativa de criminalizar a cultura popular e marginalizar tradições que não se alinham ao projeto conservador e excludente que a vereadora representa. Atitudes como essa fomentam o ódio, reforçam estigmas e aprofundam as desigualdades raciais em nossa sociedade.
A ADUFU reafirma seu compromisso com a defesa da diversidade cultural, do respeito à liberdade religiosa e da luta antirracista. Entendemos que combater o racismo religioso não é apenas uma questão de solidariedade, mas de justiça social e de responsabilidade institucional. Não há democracia plena sem a valorização das expressões culturais dos povos historicamente oprimidos.
Exigimos que a vereadora Janaína Guimarães se retrate publicamente por suas declarações ofensivas e que apresente explicações objetivas à população de Uberlândia sobre os motivos que a levaram a atacar um dos pilares da identidade cultural da cidade. Além disso, solicitamos os procedimentos cabíveis à situação para a Câmara Municipal de Uberlândia. É papel dos/as representantes públicos/as defender o interesse coletivo, e não disseminar intolerância e preconceito.
Por fim, reforçamos a nossa solidariedade às irmandades e comunidades que constroem a congada de Uberlândia com coragem, fé e dignidade. Estaremos ao lado de todas e todos que lutam por uma sociedade mais justa, plural e livre de todas as formas de opressão.