O Ministro da Educação, que estava mudo e escondido desde a sua posse, resolveu abrir a boca. Que decepção! Poderia ter permanecido quieto. E não foi para discorrer sobre as grandes problemáticas da educação brasileira, mas para destilar ódio e preconceito. Diante das questões trazidas pela pandemia, a preocupação de Milton Ribeiro não é com os desafios colocados pela educação brasileira em tempos pandêmicos, mas com o tema dos costumes e da vida privada das pessoas (que, em sua maioria, trabalham e pagam impostos).
Milton Ribeiro afirmou em entrevista concedida ao jornal “O Estado de São Paulo” na última semana que a resolução de problemas relacionados ao ensino remoto, implementado por causa do isolamento social provocado pela pandemia do coronavírus, não é atribuição do MEC, mas dos estados e municípios. Quando diz isso, Ribeiro não está falando nenhuma mentira, mas sabemos que estados e municípios conseguiriam superar tais problemas caso tivessem o apoio de um governo decente e preocupado com os reais problemas do Brasil. A entrevista não revela nenhuma novidade, mas enfatiza a despreocupação do governo com um projeto de educação transformadora e questionadora das desigualdades sociais e econômicas.
O Ministro, definitivamente, não dá respostas para as preocupações de instituições e indivíduos sobre os rumos da educação no Brasil: a educação básica permanece desde a posse de Bolsonaro sem um projeto claro e a educação superior, sobretudo as universidades federais, tornaram-se alvo de ataques do MEC e de seus ministros. Ribeiro prefere apagar a importância da educação sexual nas escolas e, a partir deste apagamento, expressar a sua desinformação e o seu preconceito: o Ministro coloca identidade de gênero no mesmo balaio das orientações sexuais, indica uma “erotização” de crianças que não ocorre no cotidiano das escolas e que existe apenas no universo pobre e vazio de sua imaginação e afirma que homossexuais são frutos de famílias desajustadas.
A série de absurdos proferidos por Ribeiro deixam evidente o seu despreparo e a sua incapacidade para tratar de pautas realmente significativas quando o assunto é a educação brasileira. As declarações evidenciam, ainda, que o Ministro da Educação de Bolsonaro parou no tempo, uma vez que o que sai de sua boca não se sustenta após uma rápida pesquisa no Google. Não há como negar que este é um governo de ignorantes, hipócritas e medíocres.
Isley Borges – Jornalista da ADUFU
*Esta seção é dedicada à exposição da opinião pessoal e das análises profissionais dos jornalistas da ADUFU-SS