Vocês já perceberam que o funcionalismo público tornou-se o bode expiatório dos problemas da nação?
O Brasil vai de mal a pior desde o golpe de 2016, que destituiu do poder uma mulher democraticamente eleita. De lá para cá, é só desmonte: a gestão da saúde em tempos pandêmicos envergonha-nos diante do mundo e é conduzida por um militar, que age pragmática e desumanamente; o Ministério da Educação se preocupa apenas como o que não deveria, a educação básica permanece sem um projeto claro e a educação superior, sobretudo as universidades federais, tornaram-se alvo de ataques; o Ministério da Cultura deixou de existir e amargou nas mãos de artistas que não possuem diálogo com a sua categoria; e a Economia, cuidada pela visão retrógrada e ultrapassada de Paulo Guedes, não dá sinal de vida nem com desfibrilação.
Defronte de uma péssima gestão pública, permeada pelos mais assustadores escândalos de corrupção, o governo Bolsonaro elegeu os servidores/as públicos/as bodes expiatórios das querelas do Brasil. A gestão é incompetente e não funciona? Culpa dos servidores/as públicos/as, zebras gordas, sanguessugas do Estado, folgados/as que trabalham pouco e ganham muito. Capciosamente, o governo genocida opera sobre a noção que o senso comum, que a maioria da população, nutre, desde o pós-ditadura, acerca dos/as servidores/as públicos/as.
Comparado a inúmeros países desenvolvidos, o Brasil não gasta excessivamente com seus/as servidores/as públicos/as. Não é verdade que temos um Estado “inflado” e que despende muito com os seus trabalhadores. Esta é uma falácia que se dissolve com muita facilidade: basta uma rápida pesquisa na internet para compreendermos que o nosso Estado é pequeno e que precisaríamos de novas contratações para que, de fato, conseguíssemos atender dignamente e com qualidade e nossa população. O Estado brasileiro emprega pouco, menos de 10% da população; Dinamarca e Noruega empregam nos serviços públicos pelo menos um terço de sua população.
Os ataques aos serviços e servidores públicos partem dos governos conservadores, da grande mídia e, algumas vezes, da própria população: mentiras e invenções são disseminadas sem pudor, tentam sempre e a todo custo privatizarem as nossas empresas nacionais desmerecendo os serviços prestados por elas, os direitos do funcionalismo público são permanentemente vilipendiados. Desde que o neoliberalismo deu as caras, existe uma campanha orquestrada e financiada pelas grandes potências econômicas, que deseja fazer a população acreditar que o Estado é o culpado de todas as mazelas.
Neste dia 28 de outubro, dia dos/das servidores/as públicos, é ocasião oportuna para lutarmos contra as perseguições e difamações que os ricos, os banqueiros, os empresários e os políticos de direita fazem sobre o Estado brasileiro, suas empresas e seus/as trabalhadores/as. Sem serviços públicos, sem servidores/as públicos/as, não há educação, saúde, cultura e segurança gratuita e de qualidade para todos e todas.
Isley Borges – Jornalista da ADUFU
*Esta seção é dedicada à exposição da opinião pessoal e das análises profissionais dos jornalistas da ADUFU-SS