Por Isley Borges, jornalista da ADUFU
Docentes reafirmam a defesa do “janeiro livre” e criticam o Trabalho Discente Efetivo (TDE)
Na tarde do dia 10 de fevereiro de 2025, a ADUFU – Seção Sindical realizou uma roda de conversa para discutir as propostas de calendário acadêmico da graduação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O encontro ocorreu presencialmente na sede da entidade e contou com participação remota de docentes dos campi Ituiutaba, Monte Carmelo e Patos de Minas, bem como daqueles que não estavam em Uberlândia no momento da reunião.
“Nós fizemos uma discussão muito sólida sobre as propostas de calendário e ela foi muito produtiva no sentido de ter resgatado princípios fundamentais que poderão auxiliar no processo de tomada de decisão dos/as docentes que compõem o Conselho de Graduação. Nós relembramos, inclusive, a época na qual nos organizássemos em 15 semanais, e não 18, como é atualmente. Nós estamos dispostos a ceder em algumas coisas para a regularização do calendário, mas não cederemos em outras, como é o caso do janeiro livre”, conta a professora Olenir Mendes, secretária cultural da ADUFU.
Durante a discussão, os/as presentes analisaram as quatro propostas de calendário acadêmico apresentadas pela Pró-Reitoria de Graduação da UFU (PROGRAD). Três pontos centrais foram amplamente debatidos: a duração dos semestres letivos, a inclusão de dias de Trabalho Discente Efetivo (TDE) e a manutenção do “janeiro livre”. A categoria defendeu que os 90 dias letivos em sala de aula por semestre devem ser adotados apenas em caráter excepcional, enquanto a universidade trabalha para regularizar seu cronograma acadêmico.
“O TDE é um modelo de trabalho que não funciona efetivamente. Por não ser ainda regulamentado, cada docente trabalha de uma maneira e isso resulta em um período improdutivo. Na minha visão, nós não podemos aceitá-lo como parte do nosso calendário”, opina Camila Coimbra, professora da Faculdade de Educação (FACED).
Outro ponto de consenso foi a crítica à previsão de dez dias de TDE, que consiste na realização de atividades acadêmicas pelos estudantes sem a presença física do professor. Segundo os/as docentes, esses dias não garantem um acompanhamento adequado e não proporcionam um aprendizado efetivo, tornando-se, na prática, dias sem impacto significativo na formação dos estudantes.
A exigência pelo “janeiro livre” também foi reiterada pelos professores e professoras. Essa demanda foi pactuada no acordo da última greve e, segundo os e as participantes, trouxe um impacto positivo no descanso da categoria. Muitos relataram que, ao ter um mês inteiro de férias garantido, conseguiram recuperar-se de forma adequada para iniciar um novo período letivo.
“Pela primeira vez depois de alguns anos, por causa do janeiro livre, de férias, sinto que consegui descansar e verdadeiramente recarregar as energias”, comenta Davi Roveri, professor do curso de Engenharia Eletrônica e de Telecomunicações do campus Patos de Minas. Neste mesmo sentido está a defesa do professor Luiz Caetano Salles, da Faculdade de Direito (FADIR): “Nós precisamos mesmo exigir as nossas férias em janeiro, isso é uma questão de dignidade. A universidade deve planejar o seu calendário tomando esta questão como uma exigência verdadeira e legítima da categoria docente”, afirma.
Ao fim do encontro, a ADUFU expressou que defenderá os critérios debatidos durante a reunião. A entidade pretende também se reunir com o relator, além de solicitar a ele e à administração superior da UFU a reformulação de alguma das propostas apresentadas, de forma a contemplar as demandas da categoria docente apresentadas na reunião.