A Polícia Militar de Uberlândia, na tarde de ontem (05), atuou de maneira truculenta e violenta com trabalhadores ambulantes do centro da cidade. Os vídeos publicados nas redes sociais evidenciam pra que serve a Polícia Militar: reprimir a classe trabalhadora em suas legítimas manifestações e garantir o interesse dos empresários (a repressão aos ambulantes cumpre a função de destruir possível concorrência com donos de lojas nos centros urbanos).
Mais uma vez, fica muito claro a serviço de quem as estruturas públicas do Estado e do Município estão à disposição, a quem eles, os donos do poder, acham que devem dar proteção e a quem devem cobrar os rigores da Lei. Ao mesmo tempo em que a Prefeitura de Uberlândia atua submissa à elite local, atendendo às exigências dos empresários, impondo à população o risco de contágio pela abertura do comércio formal, exigido pelas suas representações, esse mesmo Poder Público utiliza-se de sua estrutura para intimidar, agredir e violentar o direito à sobrevivência dos trabalhadores autônomos.
Estranhamente, tem-se ignorado o descumprimento das regras sanitárias de segurança para o funcionamento do comércio local, porém, justifica-se publicamente tal violência às parcelas da classe trabalhadora que estão excluídas do trabalho formal e protegido, alegando descumprimento dessas mesmas regras.
Constatou-se, ainda, após repercussão do fato, que trata-se de trabalhadores negros, imigrantes, vindos do Senegal que, muito possivelmente, não contam com outra possibilidade para o seu sustento além do comércio informal. É certo que o Auxílio Emergencial do governo federal não tenha conseguido atender a realidade dos cidadãos brasileiros, que agonizam em tempos de pandemia, sem emprego e sem renda. Mais difícil ainda deve ser para estrangeiros que, muitas vezes, encontram-se em situação irregular no país, na luta pela sobrevivência. A resposta dos governantes para essa parcela da classe, portanto, deveria ser de acolhimento, não de violência.
A ADUFU – Seção Sindical, o SINTET/UFU, a Associação de Pós-Graduandos da UFU (APG/UFU) e o Diretório Central dos Estudantes (DCE/UFU), nesse sentido, manifestam-se por meio desta nota, repudiando a truculência e a violência policial. A pandemia do coronavírus evidencia as contradições estruturais da sociedade capitalista. Basta observarmos que houve um aumento significativo da miséria e desemprego ao mesmo tempo que bilionários brasileiros aumentaram suas fortunas em US$ 31 bi (durante período de pandemia). As entidades aqui relacionadas não se furtam da necessária luta contra a retirada de direitos e repressão aos trabalhadores e trabalhadoras. Sabemos que após o fim da pandemia a tendência é que o cenário econômico se agrave e, para salvar bancos e grandes empresários, o Estado retire mais direitos e aprofunde a violência policial para impedir a organização dos trabalhadores e trabalhadoras.
Sendo assim, solidarizamo-nos com os nossos companheiros trabalhadores senegaleses, negros, africanos, vítimas de uma Polícia que tem como marca em sua história, a morte em massa da população negra, pobre e periférica.