Isley Borges, de Vitória – ES
Doze professores e professoras eleitos em Assembleia Geral representaram a seção sindical enquanto delegados/as e observadores/as
Entre os dias 27 e 31 de janeiro de 2025, a delegação da ADUFU – Seção Sindical participou do 43º Congresso do ANDES – Sindicato Nacional, realizado na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). A comitiva foi composta pelos seguintes docentes: Jorgetânia Ferreira, presidenta da ADUFU; Aurelino Ferreira Filho, vice-presidente; Raquel de Azevedo, secretária-geral; Ricardo Brocenschi, primeiro secretário; Rosana Ono, tesoureira; Leonardo Segura de Moraes, secretário de formação sindical; Olenir Mendes, secretária cultural; André Sabino, professor da ESEBA/UFU; Myrtes Cunha, professora aposentada da FACED/UFU; Luiz Caetano Salles, professor da FADIR/UFU; Teódulo Vasconcelos, professor aposentado do IERI/UFU; e Frank Miranda, professor da FAMED/UFU.
O congresso reuniu representantes de diversas seções sindicais do país, consolidando-se como o principal espaço de deliberação da categoria docente. Durante o evento, foram debatidos temas cruciais, começando pelo debate da conjuntura, , carreira, condições de trabalho, financiamento da educação e políticas de enfrentamento às diversas formas de assédio e opressão nas instituições de ensino.
Para André Sabino, professor da ESEBA/UFU, as discussões trouxeram uma análise aprofundada da conjuntura atual. “Nós fizemos discussões extremamente importantes. A análise da conjuntura realizada no evento revelou a profunda crise do capitalismo na qual vivemos, que insiste em transferir para a sociedade e para os/as servidores/as públicos/as a conta de sua crise”, afirmou, destacando a necessidade de organização e resistência.
A importância da atuação sindical diante dos desafios políticos e sociais também foi ressaltada por Jorgetânia Ferreira, presidenta da ADUFU. “Atualmente nós vivemos tempos muito difíceis, mas o nosso sindicato tem uma importância fundamental nas lutas da classe trabalhadora. O nosso papel é ampliar a interlocução com a nossa base e com o conjunto, dos/as trabalhadores/as”, declarou. Para a dirigente, fortalecer a mobilização coletiva é essencial para garantir direitos e avançar na defesa da educação pública.
A representatividade do evento e a relevância dos debates também chamaram a atenção de Myrtes Cunha, professora aposentada da FACED/UFU, que participou pela primeira vez do Congresso do ANDES-SN. “Esta foi uma experiência valiosa, pois a dinâmica do Congresso é muito democrática e representativa, com debates significativos acerca da luta antirracista, anticapacitista e antimeritocrática. Essas são lutas históricas muito complexas e importantes”, ressaltou, enfatizando o compromisso do sindicato com pautas sociais fundamentais.
Outro tema central das discussões foi o descumprimento do acordo de greve pactuado com governo federal, o que poderia resultar na necessidade de novas mobilizações. Raquel de Azevedo, secretária-geral da ADUFU, apontou essa preocupação ao afirmar que “o evento deixou claro que, caso o governo não cumpra o acordo que foi realizado ao final da nossa última greve, nós necessitaremos fazer assembleias em nossas seções sindicais e organizarmos a mobilização para uma nova greve”. A articulação e preparação para novas ações foram cogitadas entre os delegados/as e observadores/as.
Durante a Plenária de Abertura do 43º Congresso, o ANDES-SN apresentou diversos materiais estratégicos para fortalecer a atuação sindical em 2025. Entre eles, a Cartilha de Combate aos Assédios Moral, Sexual e Outras Violências, que atualiza orientações jurídicas e políticas para que a categoria docente compreenda e enfrente essas problemáticas nas universidades. Também foi lançado o número 75 da Revista Universidade e Sociedade, que traz reflexões sobre as condições de trabalho e a carreira docente. Além disso, o evento marcou a atualização do Plano de Comunicação do sindicato e a exibição dos trailers dos documentários “Povo Negro Fica! A luta por cotas étnico-raciais” e “Lutas e Organização do ANDES-SN nas Universidades Estaduais, Municipais e Distrital”.
Outro momento significativo foi o início do processo eleitoral para a direção nacional do ANDES-SN no biênio 2025-2027. Quatro chapas inscreveram-se para disputar a liderança da entidade. A Chapa 1, intitulada “ANDES pela base: diversidade e lutas!”, tem Cláudio Mendonça (APRUMA) como candidato a presidente, Fernanda Vieira (UFRJ) como secretária-geral e Sérgio Barroso (UESB) como 1º tesoureiro. A Chapa 2, “Renova ANDES”, é encabeçada por Nicole Louise Pontes (UFEPE) como candidata a presidenta, Edson Franco de Moraes (UFPB) como secretário-geral e Geverson Grzeszceszyn (Unicentro) como 1º tesoureiro. Já a Chapa 3, “ANDES Classista e de Luta”, tem Gean Santana (UEFS) na candidatura à presidência, Welbson Madeira (UFMA) como secretário-geral e Soraia de Carvalho (UFPE) como 1ª tesoureira. Por fim, a Chapa 4, “Oposição para renovar o ANDES-Sindicato Nacional”, conta com Jailton Souza Lira (UFAL) como candidato presidente, Maria Carlotto (ADUFABC) como secretária-geral e Mariuza Guimarães (ADUFMS) como 1ª tesoureira.
Para o setor das IFES, as deliberações incluíram a intensificação da luta contra a precarização das condições de trabalho docente, a defesa da autonomia universitária e a garantia de financiamento público adequado para as instituições federais. O congresso também aprovou a continuidade das mobilizações em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade, além do fortalecimento das ações contra a criminalização dos movimentos sociais e sindicais. Neste sentido, foi lançada a campanha “Lutar não é crime”, que posiciona o sindicato nacional de modo taxativo em defesa do direito de greve e contra a criminalização das lutas político-sindicais. Essas decisões refletem o compromisso do ANDES-SN em enfrentar os desafios impostos às instituições de ensino superior e em promover a valorização da carreira docente.
No âmbito das discussões sobre a carreira docente, o congresso reafirmou a defesa de uma carreira única que abranja tanto o magistério superior quanto o Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT). Foram referendadas as diretrizes estabelecidas no 15º Conad Extraordinário, incluindo a adoção do Piso Salarial Profissional Nacional para os Profissionais do Magistério Público da Educação Básica como referência para a malha salarial docente. Para aprofundar esses debates, está previsto para o segundo semestre de 2025 um Seminário Nacional sobre Carreira Docente, precedido de etapas regionais, em articulação com sindicatos da educação básica de diferentes esferas governamentais.
O evento também abordou questões relacionadas às políticas agrárias, urbanas e ambientais, enfatizando a necessidade de luta conjunta com movimentos sociais e comunidades tradicionais diante do colapso climático. Foi deliberado que as regionais do ANDES-SN promovam painéis sobre o papel da luta sindical docente nesse contexto e que o sindicato integre a organização da Cúpula dos Povos, visando atividades paralelas à COP 30 oficial, com uma postura crítica e independente em relação às políticas governamentais e institucionais vigentes.
No último dia do evento, a cidade de Salvador foi aprovada por aclamação como sede do 44º Congresso do ANDES-SN, a ser realizado em 2026. Mais informações sobre as deliberações do Congresso podem ser acessadas no site do ANDES-SN: www.andes.org.br.