A América Latina se tornou, nas últimas semanas, epicentro da Pandemia de Covid-19. O Brasil, por sua vez, lidera as estatísticas de óbitos no subcontinente. Em 15 de maio os números oficiais apontavam que 14.983 pessoas haviam falecido no país como consequência do vírus desde 17 de março, quando foi registrada a primeira morte em território nacional. Hoje, 16 de junho, as informações oficiais mostraram 44.665 óbitos por Covid-19 no país.
Mais de 29 mil pessoas morreram no Brasil, só no último mês, vítimas da Pandemia. Perdemos mais de 920 vidas por dia.
Enquanto isso, a empresa de tecnologia Google fez um levantamento baseado em dados anônimos de deslocamento de 60 milhões de aparelhos celulares. Ela informou que a queda da circulação de pessoas em espaços públicos em junho (em comparação com o período anterior à Pandemia), foi de apenas 44% no Brasil. Na Argentina, a queda na circulação foi de 85% e no Chile, de 62%.
Fonte: https://painel.covid19br.org/
Países como a Nova Zelândia, o Taiwan, o Vietnã e a Islândia conseguiram zerar os novos casos da doença. Outros como a Coreia do Norte, a Alemanha e a Austrália foram capazes de estabilizar as quantidades de novos casos.
Podemos aprender a evitar a propagação da doença ao observar países que tiveram êxito no controle da Covid-19. Seus governos impuseram medidas rígidas de isolamento social, adotaram a testagem em massa e ofereceram informações coesas para suas populações sobre formas de prevenção e quantidade de infectados. Agiram em consonância com as recomendações da Organização Mundial da Saúde – OMS.
Na contramão da valorização da vida, o governo brasileiro testa praticamente apenas quem está com sintomas graves e deixa quem está com sintomas leves ou assintomático livre para espalhar o Coronavírus. O Brasil também mantém as ações de isolamento social “relaxadas” com o argumento de “proteger a economia”. E dissemina, por meio inclusive de seu mandatário da república, informações enganosas (se não criminosas) tais como: “É só uma gripezinha”; “Todos nós vamos morrer um dia”; “A gente lamenta todos os mortos, mas é o destino de todo mundo”; “Não sou coveiro”. Enquanto ataca a imprensa e tenta esconder e mascarar informações imprescindíveis para a sobrevivência da população, como o número de novos casos e as projeções de contágio.
Impactos na Economia
As previsões mais recentes dos analistas de mercado do governo federal estimam queda de 4,7% no Produto Interno Bruto – PIB brasileiro em 2020.
Já de acordo com o Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, com base em projeções de bancos, consultorias e grandes gestoras de recursos, o recuo será de 6,48%.
A OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, projetou, no seu cenário mais otimista, que a economia brasileira vai cair 7,4%. Entretanto, o Banco Mundial avalia que a queda será de 8%.
Países que mantêm o isolamento social com regras rígidas e que seguem as recomendações da OMS, possuem avaliações melhores do mercado financeiro. Eles sofrerão menores impactos econômicos, pois poderão reabrir suas organizações públicas e privadas em menor tempo. O Brasil, ao contrário do que afirma o governo federal, pode ter sua economia prejudicada ao não seguir as recomendações da OMS para controlar mais rapidamente a propagação do Coronavírus.
Letícia França – Jornalista da ADUFU
*Esta seção é dedicada à exposição da opinião pessoal e das análises profissionais dos jornalistas da ADUFU-SS